Thursday, January 31, 2008

sociologia de urbanizacao:conflitos no terceiro mundo

Introdução
O presente trabalho, intitulado conflitos políticos no terceiro Mundo constitui uma abordagem dos temas a volta do processo de urbanização nos países do terceiro mundo.
O tema é pertinente na medida em que irá clarificar o quão importante é o papel da urbanização nos movimentos sociais. O meio urbano funciona como base de apoio aos diversos movimentos que surgem nos países do terceiro mundo.

O presente ensaio tem como objectivo perceber a relação existente entre urbanização e conflitos políticos no terceiro mundo. Bem como estudar a influência do meio urbano nos movimentos populares.

Para a elaboração deste ensaio tivemos como base a revisão bibliográfica do sétimo capitulo da obra de Alan Gilbert e Josef Gugler intitulada cities poverty and development, o titulo do capítulo é patterns of political integration and conflict. A obra de Quive.S e Patricio.G intitulada sistemas informais de segurança social em desenvolvimento. E o dicionário de Sociologia de Allan G. Johnson.

O trabalho está estruturado em 7 capítulos o I capítulo têm a conceitualização, no II capítulo o resumo do ensaio, o III capítulo é apresentado em sub capítulos tais como relação de protector-cliente; relações desiguais; participação politica baseada na relação protector-cliente; as características do clientelismo, o IV capítulo aborda castas, religião e grupos étnicos, o capítulo V intitulado acção das massas populares é constituída por seguintes sub capitulo: movimentos squatter no acesso a terra, movimentos laborais e movimentos da rua, no VI capítulo temos trabalho e a segurança social, o VII capítulo apresenta dois sub capítulos sendo o primeiro bases urbanas nas revoluções do terceiro mundo o segundo é carácter urbano das revoluções contemporâneas, no VIII capítulo temos a conclusão sendo o IX capitulo a referência bibliográfica.




I. Capítulo
Conceitualização
No presente ensaio utilizamos os seguintes conceitos: segurança social, urbanização, movimentos sociais, terceiro mundo. Para melhor compreensão dos mesmos há uma necessidade de os definir.

Baker & Holtzahausem (1996:138[1]) entendem que a Segurança Social é um sistema de acção social, garantida pelo Estado, virado para pessoas necessitadas quando seus recursos de renda normais tenham sido interrompidos. Pode implicar assistência para certos grupos em situação de vulnerabilidade ou suplantar os rendimentos dos pensionistas.

Urbanização segundo Allan G. Johnson no dicionário de Sociologia urbanização é o processo através do qual populares se concentram em grandes comunidades- cidades- que são essencialmente não agrícolas; e são sobretudo organizados em torno da produção de serviços e bens acabados.

Movimento social é um esforço colectivo contínuo e organizado que se concentra em algum aspecto de mudança social (Allan G. Johnson, dicionário de Sociologia).

Gilbert e Gugler (1994:6) entendem como países do terceiro mundo todos os países com uma renda nacional per capita abaixo de $3,000 (em 1978) ou uma esperança de vida abaixo dos 70 anos (Banco Mundial, 1980: 148-9)








II. Capitulo
Resumo do trabalho
Nos países do terceiro Mundo as relações de protector-cliente[2] são predominantes, estas relações de clientelismo variam consoante o contexto e visam buscar bases de apoios políticos. A população das zonas rurais raramente contribui significativamente no processo eleitoral.

As elites são as que controlam os votos da população através da relação de clientelismo ou por coerção. O clientelismo faz parte da cultura política em muitas sociedades e actua de diversas maneiras. Em alguns países os partidos manipulam a relação de clientelismo com objectivo de garantir o voto dos indivíduos que estão inseridos nesta relação.

No México o Partido Revolucionário Institucionalizado no poder ganhou as eleições. Este Partido teve sucesso, porque manipulou as redes de clientelismo, e estas redes podem dar vitoria a este Partido por mais de duas gerações.
Segundo Landé citado por Gilbert e Gugler (1994:181) as relações de protector-cliente podem ser vistas como agendas para instituições formais.

Com a industrialização crescente a população pobre tende a trocar a sua vida do campo com a sua agricultura de sobrevivência, migrando para as cidades o que faz com que os números de bairros de latas e favelas cresçam mais ao redor das cidades.

Gugler e Gilbert (1994:180) argumentam que identidades étnicas, religiosas e castas dividem a população e as vezes servem de focus de oposição ao regime.
Segundo os autores as populações do terceiro mundo para distinguirem “nós” de “eles” se baseiam na sua origem, religião e casta, estas características identitárias são rebuscadas quando se está em presença de outros grupos identitários.

A linguagem é usualmente o elemento chave que mostra a origem comum. O idioma comum não só simplifica a comunicação como também é o meio de conflitos. Ela pode ser um meio de conflito quando representa os interesses dum grupo linguístico em relação a outros, como o caso da Nigéria, Gugler e Gilbert (1994:189).

A tese que Gilbert e Gugler (1994:189) defendem quanto aos conflitos é de que o idioma constitui um factor central do conflito étnico em países em que os idiomas diferentes competem para o domínio. O idioma não só delineia os grupos étnicos, como serve para afirmação da identidade étnica

Gilbert e Gugler (1994:180) entendem que existem três formas de acção da massa popular que actuam na arena política urbana.
As três formas de acção dos movimentos sociais, os movimentos de rua, movimentos laborais e movimento squatter actuam na arena politica urbana.

Os movimentos sociais subvertem os regimes, e os movimentos revolucionários são invariáveis e necessariamente apoiados pela base urbana. O sucesso destes movimentos tem que ser entendido em termos de uma constelação política particular.

Myrdal citado por Gilbert e Gugler (1994:198) introduziu a frase “soft state” para expressar o fato de que as leis e regulamentos de governos tendem a serem desconsiderados em países do terceiro mundo.

As revoluções no terceiro mundo tiveram a sua base nos camponeses. Os movimentos de guerrilha na Indonésia, Algéria, Moçambique, Angola, Guiné-bissau são exemplos elucidativos, contudo nesses países a luta era de independência.

As quatros lutas revolucionarias ( chinesa, boliviana, iraniana e nicaraguense) bem sucedidas entre os anos 1950 e 1970 ocorreram nos Países com níveis diferentes de urbanização.
A importância dos elementos urbanos, nas revoluções deve ser visto consoante os seus níveis de urbanização nesta perspectiva, o rápido crescimento urbano experimentado por muitos Países do terceiro mundo deve ser levado consoante ano da eclosão da revolução urbana.
III. Capitulo
Relação de protector-cliente
Nos países do terceiro mundo o que separa a elite da população é a renda, o poder, a riqueza e o status, nesses países a classe media é bastante reduzida. O nível de vida no terceiro mundo é bastante reduzido, as pessoas vivem abaixo do nível da pobreza estabelecido pelas Nações Unidas.

Gugler e Gilbert (1994:178) defendem que em muitos países do terceiro mundo as eleições constituem uma farsa, pois que, existe uma relação de ‘protector-cliente’, o clientelismo varia de contexto e visa buscar base de apoios políticos.
No México as relações de protector-cliente caracterizam o Partido Revolucionário Institucional. Os clientes estabeleceram uma relação com o protector, e este persuade os seus clientes a votar na lista local para renovar o seu mandato. Porque se estes votarem na oposição o protector não teria representantes locais com acesso nas instituições governamentais.
(Gilbert e Gugler, 1994:177,178)

O governo mexicano tem forte controle sobre as relações de protector-cliente. Nas eleições de 1988 a oposição mexicana estava segura da vitoria, mas, o Partido Revolucionário Institucionalizado no poder ganhou as eleições.

Este Partido teve sucesso, porque manipulou as redes de clientelismo, e estas redes podem dar vitoria a este Partido por mais de duas gerações. O argumento dos autores é de que os padrões difundidos pelo clientelismo amortecem a voz da massa popular

Em muitos países do Terceiro Mundo a população das zonas rurais raramente contribuem significativamente no processo eleitoral. As elites são as que controlam os votos da população através da relação de clientelismo ou por coerção.

Gilbert e Gugler (1994:178) entendem este sistema como um sistema da mafia rural. A população apesar de normalmente não ter voz, ela tende a se rebelar quando não tem acesso a terra, os impostos são elevados e quando os preços das suas colheitas são reduzidos, contudo, tais manifestações são isolados.

Qualquer generalização sobre a posição política da população pode ser enganadora. A população urbana não é radical nem apática. Seus comportamentos, suas atitudes e valores devem ser entendidos em termos de realidade económica, social e politica.

Com a industrialização crescente a população pobre tende a trocar a sua vida do campo com a sua agricultura de sobrevivência, migrando para as cidades o que faz com que os números de bairros de latas e favelas cresçam mais ao redor das cidades. A cidade de Maputo não foge a regra, pois que, ao seu redor estão a surgir novos bairros que não respeitam as regras de urbanização.

Relações desiguais
Em qualquer País do Mundo em particular no terceiro mundo governo controla os preços por exemplo de produtos agrícolas, aloca os escassos recursos como crédito e câmbio exterior. Nestes países há um limite dos direitos civis e nos casos extremos tais direitos não existem. As sanções penais são extremamente severas e a pena de morte é algo comum.

Contudo os governos destes países mostram uma certa ineficácia no seu exercício bem como na aplicação das sanções.
Myrdal citado por Gilbert e Gugler (1994:) introduziu a frase “soft state[3]” para expressar o fato de que as leis e regulamentos de governos tendem a serem desconsiderados em países do terceiro mundo.

O soft state reforça a desigualdade social, visto que o fosso rico pobre tende a avolumar-se.
Segundo Landé citado por Gilbert e Gugler (1994:181) as relações de protector-cliente podem ser vistas como agendas para instituições formais.

A relação de protector-cliente transporta consigo elementos afectivos, parentesco, origem comum, etc. Geralmente esta relação cria o nepotismo nas empresas.
De salientar que na relação protector-cliente por vezes são estabelecidos relações de parentesco fiticias.
O sistema de compadrazgo na América Latina e na Filipina é frequentemente usado em tal moda. O cliente pede ao seu protector actual ou potencial protector que seja como padrinho do baptismo do seu filho e através disso os dois homens se tornam compadres. ( Gilbert e Gugler 1994:182)

Participação politica baseada na relação protector-cliente
Gugler e Gilbert (1994:183) argumentam que a participação politica está baseada na relação protector-cliente. A clientela pode ser mobilizada em varias formas de acção como votar, etc. Está é a base de poder, que em troca fortalece e amplia o apoio do cliente.

Os autores tem como exemplo o Líbano onde o cliente busca protecção, segurança, e benefícios vitais, e os protectores buscam aumentar o número de clientes com vista a ter sucesso no processo eleitoral.

Isto porque somente através do sucesso eleitoral que passa em ter assentos no parlamento os protectores podem ter acesso aos órgãos governamentais. Os protectores usurparam o poder do Estado independente no Líbano. O sistema de clientelismo no Líbano vigorou até a erupção da guerra em 1975.

As relações de protector-cliente não são repetitivas nos níveis de interacção, contudo os padrões de interacção prevalecem ao longo da hierarquia do estrato social. O clientelismo faz parte da cultura politica em muitas sociedades. O clientelismo actua de diversas formas, porém, tem uma longa tradição

Gilbert e Gugler (1994:187) apresentam o exemplo de Mali no período colonial onde vigoravam as seguintes relações:
Relações de protector-cliente que envolvia os comerciantes urbanos e camponeses, relações protector-cliente entre os cidadãos a muito tempo estabelecidos na cidade e os recém-chegados na cidade com os camponeses.

Característica do clientelismo
· A primeira característica é a relação entre protector-cliente que é uma relação entre duas pessoas. Esta relação é recíproca, isto é o patrão ajuda o cliente e este em troca dá apoio político e contribui na manutenção do status do protector. Esta troca recíproca não tem base legal ou contratual é uma relação informal;
· Outra relação quando os dois têm uma relação legal ou contratual, como o empregador e empregado, que a mudança desta relação traz consigo elementos adicionais.
· Relação profundamente desigual que não só torna o protector mais poderoso a nível de recursos económicos, com um elevado status, como também tende a ter um elevado número de clientes
IV. Capitulo
Casta, Religião e Grupos Étnicos
Gugler e Gilbert (1994:187) argumentam que identidades étnicas, religiosas e castas dividem a população e as vezes servem de focus de oposição ao regime.
Segundo os autores as populações do terceiro mundo para distinguirem “nós” de “eles” se baseiam na sua origem, religião e casta, estas características identitárias são rebuscadas quando se está em presença de outros grupos identitários.

Temos como exemplo um Macua a viver em Maputo, para se identificar perante outros indivíduos utilizará a região de origem. As pessoas par se identificarem umas as outras recorrem ao etnicismo.
O etnicismo foi a causa das guerras violentas entre os Hutus e Tutsis no Ruanda e Burundi.

A origem comum dos indivíduos é a base para alinhamentos políticos em muitos países do terceiro mundo, isto, porque o voto destes nas eleições será sociológico e não racional como acontece na Europa.
Membros dum grupo étnico geralmente têm maior monopólio político e oportunidades económicas. Isso verifica-se porque o grupo constitui um importante governo; alguns membros dos grupos étnicos têm uma privilegiada posição e estes tem uma influência a que abre oportunidades para outros indivíduos da sua etnia.
No Iraque no tempo de Saddam Hussein tal facto era verificável, pois que um pais onde a maioria era de origem Xiita e dominada pela minoria Sunita, pois que os que estavam no governo abriam oportunidades aos indivíduos da sua etnia.
No caso dos diferentes grupos étnicos perceber as diferenças económicas existentes, esta podem instigar a reafirmação cultural distinta e culminar um renascimento cultural.
A linguagem é usualmente o elemento chave que mostra a origem comum. o idioma comum não só simplifica a comunicação como também é o meio de conflitos. Através do idioma pode se distinguir a proveniência uma pessoa.
Ela pode ser um meio de conflito quando representa os interesses dum grupo linguístico em relação a outros. Gugler e Gilbert (1994:189) dão o exemplo da Nigéria.
Alguns conflitos que surgem nas cidades são entre os naturais destas cidades com os migrantes.
Na Nigéria tal aconteceu em Kano (Paden), Ibadan (Siclair, 1963:289-329)
Lagos (P,Pauline, 1974), centros urbanos estabelecidos no período colonial
Porém estes conflitos são excepção na Africa sub-Sahariana, isto devido a
Origem recente das cidades e o seu crescimento explosivo.
(Gilbert e Gugler. 1994:190)

Nestas zonas o número de indivíduos nascidos nas zonas urbanas é normalmente menor comparado com os imigrantes. Gilbert e Gugler dão o exemplo da Índia, que têm uma proporção maior de cidades construídas no tempo colonial onde o crescimento urbano é comparativamente lento, as linhas de conflitos étnicos são normalmente tiradas entre grupos de migrantes.

O conflito que envolve os naturais das cidades com os imigrantes é denominado de nativismo. Neste conflito os filhos da terra mantêm tipicamente as suas necessidades, pois que. Estas estão acima das necessidades dos estranhos que vem de outras terras distantes e falam um idioma diferente.

Os estrangeiros são vistos como pessoas que pretendem desenvolver uma relação de exploração com o objectivo de desenvolver suas zonas de origem. Eles são visto como tendo uma vantagem em controlar as principais oportunidades.

Weiner[4] concluiu que para o caso da Índia o Nativismo tende a ser associado ao bloqueio na mobilidade social a população nativa.
A tese que Gugler e Gilbert (1994:191) defendem quanto aos conflitos é de que o idioma constitui um factor central do conflito étnico em países em que os idiomas diferentes competem para o domínio.
O idioma não só delineia os grupos étnicos, como serve para afirmação da identidade étnica.

A decisão política sobre qual idioma ou idiomas a serem usados a vários níveis no sistema educacional afectam a oportunidade educacional. A escolha. de idioma oficial afecta à burocracia.

Na África sub-sahariana o conflito raramente ocorre, visto que muitos países multi-linguísticos adoptaram a língua do seu colonizador como oficial, Moçambique é um exemplo elucidativo. Neste pais existem dezenas de línguas locais, mas que a FRELIMO para unir todos os moçambicanos e evitar conflitos étnicos adoptou o português como língua oficial.
V. Capitulo
Acção dos movimentos sociais
Gugler e Gilbert (1994:180) entendem que existem três formas de acção dos movimentos sociais que actuam na arena urbana a saber: movimentos laborais; movimentos da rua e movimentos squatter. Começaremos por abordar o movimento squatter
Acção do movimento dos squatter[5] no acesso a terra
O acesso a terra é um dos problemas que muitos países enfrentam. Em alguns países a acção politica mais visível das massas urbanas são as ocupações ilegais de terras.
As politicas de acesso a terra não favorecem a população como é o caso de Brasil.

Onde a maior parte das terras são ocupadas pelos fazendeiros ficando o grosso da população “sem terra[6]” sem acesso a terra, dai que elas tendem a ocupar ilegalmente estas terras. A população quando descoberta é tirada forçosamente pela policia.

A tese de Gugler e Gilbert (1994:197) é de que os movimentos dos agachados[7] visam subverter o regime nesses países. Este movimento social visava fazer oposição ao governo, no México os estudantes conduziram invasões de terra que visavam derrubar o regime, através desta determinação formou-se em 1976 a Frente Popular para Terra e Liberdade.

O sucesso deste movimento tem que ser entendido em termos de uma constelação política particular. No caso de Monterrey é uma cidade industrial dominada por uma burguesia local que estava em oposição ao partido governante. Este movimento social estava assim em posição de agir contra o governo.

No Chile, estes movimentos eram formados por colarinhos azuis que tinham uma renda muito baixa. E eram patrocinados pelo movimento de esquerda revolucionaria (MIR) e a sua politica era radical.

Quanto as comunidades marginais, estas foram criadas fora das zonas do controle social do governo. Elas criaram suas formas institucionais alternativas que ofereceram a base para maior participação da massa bem como criaram a consciência política na sociedade.
Movimentos laborais
Segundo Gilbert e Gugler (1994:200) movimento social levado a cabo pela acção dos operários é o movimento laboral.
Em alguns países as mudanças revolucionarias foram obtidas pelos operários. Geralmente as revoltas dos movimentos operários são abortadas pelos responsáveis governamentais que pressionam os trabalhadores nas posições estratégicas. (Gilbert e Gugler, 1994;200)

Os movimentos dos operários do terceiro mundo devem ter confiança nas suas acções, porque o melhoramento da sua condição ou uma transformação radical da sociedade depende deles. todos os países do terceiro mundo tem um historial de greves nos serviços no terceiro mundo a acção industrial tende a ter repercussões politicas.

Os trabalhadores em larga escala constituem um grupo compacto que é difícil de ser manipulada.
Os trabalhadores em geral são uma oposição a autoridades políticas. Uma vez mobilizados números significativos de trabalhadores estes constituem um potencial para revoltas de massa na zona urbano pobre.

Os operários têm como a sua poderosa arma greve laboral, sabotagem na produção, abaixo assinados, etc.
Os lideres dos movimentos dos operários tem um papel crucial, visto que, convocam os protestos nacionais. E quando os seus protestos não conseguem derrubar o regime, eles obrigam o regime a fazer numerosas concessões económicas.
(Garretón citado por Gilbert e Gugler (1994:207)

De salientar que um acordo tácito é estabelecido entre o governo, grandes empresários, e as uniões de negócios são comuns quando não há uma organização de trabalho estabelecido de acordo com as regras da elite.
Movimentos de rua
O movimento de rua é a terceira forma de acção dos movimentos sociais contra os regimes políticos.
Muitos regimes políticos no terceiro mundo restringem o debate público, e geralmente os partidos da oposição não existem, não há eleições, bem como o estado controla os órgãos de informação.

O desafio ao regime é feito nos lugares públicos, ou através de marchas nas avenidas das cidades. Os movimentos sociais demonstram que estão preparados a lutar contra a pressão da policia ou do exercito regime.

O controle das avenidas da cidade significa poder, e os movimentos de rua estabeleceram que a via pública das cidades capitais constituem ameaça ao governo, dai que as marchas tendem a ocorrer geralmente nas cidades capitais.

Para Gilbert e Gugler (1994:209) a ocupação da praça de Tiananmen em 1989 foi uma demonstração dramática da importância simbólica sobre o controle do espaço urbano. A legitimação do regime chinês foi profundamente abalada quer internamente como internacionalmente, devido a sua reacção brutal.

Os protestos dos movimentos sociais são bem sucedidos quando conseguem depor o governo. A acção destes movimentos sociais contribui para persuadir os actores externos, como o Fundo Monetário Internacional, bancos privados, e governos estrangeiros, para reverem as suas politicas.
O poder dos movimentos de rua foram dramaticamente demonstrados em duas revoluções: no Irão contra o regime de Xá, e na ressurreição urbana que desafiou o regime de Somoza na Nicarágua. (Gilbert e Gugler,1994:210)

No regime de civil, quando ocorrem as manifestações dos movimentos populares, o exercito quando é chamado a actuar, geralmente acaba usurpando o poder que estava nas mãos dos civis argumentando que o regime é fraco, pode tolerar a destruição e pilhando de propriedades públicas e privadas.

VI. Capitulo
Trabalho e segurança social
A estratificação interna do trabalho é usualmente codificada pela legislação da segurança social que é parcial e desigual.
A segurança social passou a envolver todos grupos, quer trabalhadores em importantes postos de serviço, bem como um simples operário.

Este facto deveu-se as greves dos trabalhadores rurais e dos marginais urbanos que eram ignorados ou que recebiam atendimento de baixa qualidade. A estrutura corporativista da participação representativa é um factor importante na fragmentação e desigualdade do sistema de segurança social.

Esta estrutura reflecte o objectivo estabelecido pelas elites para cortar por completo a emergência de consciência de classe nos operários.

Nos países onde há processos eleitorais, a união de trabalhadores é o principal alvo das politicas partidárias, pois que os partidos procuram angariar os votos dos operários. O carácter repreensivo que muitos regimes do terceiro mundo têm faz com que pequenos dissidentes fujam
VII. Capitulo
Bases urbanas nas revoluções no terceiro mundo
As revoluções no terceiro mundo tiveram a sua base nos camponeses. Os movimentos de guerrilha de libertação na Indonésia, Algéria, Moçambique, Angola, Guiné-bissau são exemplos elucidativos, contudo nesses países a luta era de independência.

Gilbert e Gugler (1994:211) defendem a necessidade de se distinguir as guerras de libertação com os movimento revolucionários. As guerras de libertação são invariavelmente predominantes nos países rurais. Nesses países mais de 80% da população vive no meio rural (Gugler e Gilbert,1994:211).

A guerra de libertação nacional não trata da existência da metrópole mas, está circunscrito aos seus interesses. Ela visa a libertação da população do jugo colonial, a FRELIMO em Moçambique tinha como objectivo garantir a independência total e completa deste Pais africano.

Em contra partida o movimento revolucionário busca aniquilar o regime com quem está em confronto, e geralmente estes regimes são ditatoriais. A característica essencial dos movimentos revolucionários é que utilizam mecanismos extra-legais no conflito com o governo.
Os elementos que não se identificam com o governo e as forças de segurança jogam um papel importante.

No mundo, somente quatro movimentos revolucionários tiveram sucesso, a revolução chinesa, Bolívia, Irão e Nicarágua. Cada um destes movimentos tinha um carácter urbano. No Irão o sucesso movimento revolucionário foi iniciado pelos estudantes de teologia que organizaram um protesto em massa.

Foram seguidos pelo protesto dos trabalhadores que paralisou a economia do Pais. Outro factor que concorreu para o derrube do regime do Xã, foi o apoio da classe media e especialmente os estudantes universitários.

Em quanto que na Nicarágua a junção do movimento dos guerrilheiros com a insurreição urbana teve um papel crucial no derrube do regime de Somaza. Somaza foi longe ao ordenar a destruição de todas as pequenas cidades como a sua vizinhança protegida pelos Sandinistas.

Carácter urbano das revoluções contemporâneas
As quatros lutas revolucionarias bem sucedidas entre os anos 1950 e 1970 ocorreram nos Países com níveis diferentes de urbanização.
A importância dos elementos urbanos nas revoluções deve serem vistos consoante os seus níveis de urbanização nesta perspectiva.

O rápido crescimento urbano experimentado por muitos Países do terceiro mundo deve ser levado consoante ano da eclosão da revolução urbana.
Estrategicamente, no caso de revolução popular no Pais com alta percentagem de população urbana, o centro de operações da guerrilha deve ser na cidade. As operações devem consistir em espalhar ataques surpresas pelas unidades superiores rápidas e moveis (...) estas unidades iriam atacar o seu inimigo na cidade (...) onde está a população é o local privilegiado da revolução.
(Guillén (1973:238) citado por Gilbert e Gugler)

A cidade constitui um lugar especifico para actividades da guerrilha. Os membros da guerrilha, exemplo de estudantes e profissionais a cidade para eles é um lugar familiar, a sua presença não chama atenção.

Na Espanha o movimento ETA que luta pela independência dos países Bascos os seus membros se mesclam na sociedade e não são reconhecidos.
Como o poder e privilegio estão concentrados na cidade é na cidade efectivamente que os movimentos estão em confronto.














VII. Capítulo
Conclusão
A urbanização é uma parte do compreensível processo de transformação da sociedade. Os padrões e processos de desenvolvimento urbano são desiguais mo mundo não há maneira de entender estes processos como isolados do processo de desigualdade.

A urbanização não pode ser entendida a não ser que a coloquem num contexto mais amplo da sociedade. O rápido crescimento urbano experimentado por muitos Países do terceiro mundo deve ser levado consoante ano da eclosão da revolução urbana.

Os processos de mudança urbano nos países de terceiro mundo são diferentes, as formas diferentes de integração económica nestes países criaram características urbanas distintas. Estes processos devem ser compreendidas somente como resultado de conflito de classes que eram resultado directo do modo de produção capitalista.

No terceiro mundo o inicio do processo de urbanização, as cidades eram do tipo administrativo e visavam controlar o fluxo colonial que criou o surgimento de favelas. Os centros urbanos são a base dos movimentos populares.

As acções dos movimentos nacionalistas que lutavam contra o colonialismo nos países de terceiro mundo tinham a sua base de apoio nas massas rurais. Em contra partida os movimentos revolucionários que lutavam contra o regime tiveram a sua base de apoio nas massas urbanas.








IX. Capítulo
BIBLIOGRAFIA
Gilbert, Allan & Gugler, Josef (1994) cities poverty and development.
Johnson, Allan.G. (1995) dicionário de Sociologia. Editora Zahar. Rio de Janeiro.
Quive & Patrício (2005). Sistemas Informais de Segurança Social em Desenvolvimento.
Maputo-Moçambique: Fundação Fredrich Ebert

[1] Citados por Quive e Patricio, op cit.
[2] Cf. Gilbert, Alan, Gugler, Josef (ed) cities poverty and development.1994
[3] O termo ‘soft state' é entendido para incluir todos os vários tipos de indisciplina social pelo qual eles se manifestam: deficiências em legislação e em particular a observância da lei e violência. Soft state em português significa Estado macio, neste ensaio utilizaremos a expressão inglesa soft state
[4] Cf Gilbert, Alan; Gugler, Josef.(ed) cities povert and development. 1994
[5] movimento dos agachados em português
[6] designação dada aos indivíduos que não tem terra no Brasil
[7] tradução literal minha do inglês squatter

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